julho 25, 2012

SANGUESSUGAS / LEECHES



 Ela acordou e, como de costume dirigiu-se ao banheiro. Não dormiu bem à noite, pois estava sentindo terríveis dores abdominais. Eram as ditas cólicas, próprias das mulheres que estão a todo vapor em seu ciclo menstrual. Dor. Há quem diga que para alcançarmos o Nirvana, o paraíso eterno, temos que nos sacrificar fazendo a nós mesmos coisas bizarras que segundo alguns, seriam da vontade de alguma entidade divina.
.  .  .
Sentou-se no vaso sanitário e olhou por entre suas pernas. Seu absorvente estava tomado por sangue. Fazia 13 dias que estava nesta situação. Nunca havia acontecido algo parecido. Se fosse apenas isso estava tudo bem. Logo isso acabaria para tudo se repetir um mês depois. Entretanto havia algo estranho emaranhado junto à seu rubro fluído. Coisas que pareciam apenas sangue gosmento, em estado quase sólido. Ela começou a fitá-las e viu que não era sangue. As coisas se moviam como anelídeos, por movimentos peristálticos.
Eram anelídeos. Sanguessugas jamais vistas.
Maria tinha engravidado há cinco meses. Quando ela descobriu, já era tarde para tentar eliminar o feto por maneiras simples, pois o mesmo tinha dois meses. Então, mesmo assim ela tentou uma técnica que viu pela internet: ingestão de chá de carqueja e boldo juntamente com o acoplamento no útero de larvas de sanguessugas através do canal vaginal. Ela o fez. Conseguiu sanguessugas com um amigo que sabia tudo sobre elas e esperou liberarem suas larvas.
Feito o processo Maria estava aliviada e, ao mesmo tempo em que agradeceu a deus por ter se livrado do problema, ela pediu perdão por ter jogado fora uma vida, vida tal que deveria ter sido protegida a todo custo. Nem antes de seu surgimento poderia ter sido rejeitada segundo o catolicismo, pois como todos sabem não se deve usar camisinha para evitar que ocorra a continuidade da espécie humana. Imaginem nosso mundo não mais com seis bilhões de pessoas, mas muito, muito, além disto.
Então, passados mais de 20 dias do processo, ela começou a “menstruar”. Mal imaginava ela que eram as larvas que estavam começando a crescer, e, para crescer elas têm que comer! Primeiramente as larvas começaram a digerir o feto rejeitado e morto pela impiedosa mãe. Parte a parte, o sangue foi sendo sugado, fazendo com que a carne fosse se decompondo de forma acelerada, tal qual a nossa passagem pelo Planeta Terra, imperceptível.
Logo após, as larvas passaram a se alimentar de sua placenta e seus outros anexos embrionários, bem como o útero, impossibilitando-a de um dia vir a ser mãe. Sonho que ela tinha, mas que não era para se tornar realidade naquele momento.
O pai da criança era um padre. Já imaginou o escândalo se alguém ficasse sabendo de sua gravidez? Iriam querer saber quem era o pai. E o que ela diria? Não encontrou outra alternativa se não eliminar o bebê e, viu nos hirudíneos uma maneira teoricamente “simples” e barata de fazê-lo.
O padre assim que ficou sabendo da gravidez, apoiou totalmente a idéia da garota de abortar o organismo. Um padre. Um ser humano. Alguém que teria que defender a vida acima de tudo, alguém que ama a deus sobre todas as coisas e considera todos semelhantes, com direitos iguais a viver. Um padre. Um religioso. Um hipócrita.
E os anelídeos continuaram seu processo alimentar. Continuaram a crescer e ainda mais, se reproduzir. A garota começava a ficar inchada, principalmente na região abdominal. Sentia muita dor; os analgésicos já não mais adiantavam. Ela não queria se render, não queria que um médico descobrisse que tentou abortar, pois isto era crime e ela corria perigo de ser presa. Mas ela pensou: Médico para que? Alguns acham-se melhor do que qualquer outra classe empregatícia. Adoram ser auto-intitulados de doutores, sem merecer o título, pois os mesmos não passaram pelo processo difícil que é um doutorado.
Ela pensou até em ir a uma curandeira que morava em seu bairro, apesar de não acreditar em superstições. Pensou em pensou e... Não foi. Continuou com seu sofrimento.
Agora as sanguessugas já estavam sugando tudo de seus intestinos e estômago. A garota estava sempre com fome e quando comia, tinha a sensação de que a comida simplesmente sumia, ou seja, desviava-se de seu trajeto até o intestino grosso.
Conseguiu dirigir até sua casa no interior da cidade mesmo se sentindo fraca. Isso porque já havia anelídeos em sua veia aorta, terminando com suas células sanguíneas. Começou a perder seus reflexos e demorar em processar as informações. Já havia anelídeos em seu cérebro. Os mais minúsculos conseguiram migrar para esta região. Sem sangue, sem células sanguíneas. Sem células sanguíneas, sem transporte de oxigênio. Sem transporte de oxigênio, sem oxigenação cerebral. Sendo assim, ocorreu sua morte encefálica.
Apesar das sanguessugas serem utilizadas medicinalmente, de fazerem o sangue circular, desta vez houve uma inversão dos papéis. A garota era utilizada como alimento. Finalmente, após acabar o estoque sanguíneo, as sanguessugas desalojaram-se do corpo dela e saíram a procura de outra fonte de alimento, agora elas precisavam de carboidratos, lipídeos, entre outros nutrientes. Partiram para comer os mais diversos animais que existem.
E a garota? Foi punida por seu livre-arbítrio de escolher ser mãe ou não. Agora estava morta.


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She woke up and as usual, went to bathroom. She didn’t sleep well at night because was feeling terrible abdominal pain. It was the so-called colic, typical of women who are in full swing in their menstrual cycle. Pain. There are someone who say that to reach Nirvana, the eternal paradise, we must sacrifice ourselves, doing bizarre things, that, according to some, would be the will of some deity.

                                                           . . .
He sat on the toilet and looked between her legs. Its absorbent was taken for blood. It had been 13 days she was in this situation. Never happened something like that. If it was just that everything was fine. Soon it would be repeated a month later. But there was something strange tangle next to his red fluid. Things that seemed only blood gooey, almost solid state. She began to stare at them and saw that there wasn’t blood. Things moved like annelids, by peristalsis.
They were annelids. Leeches ever seen.
Mary was pregnant five months ago. When she discovered it was too late to try to remove the fetus by simple ways, because it had two months. So anyway she tried a technique she saw on the internet: intake of Gorse and Boldo tea together with the coupling in the uterus of larvae leeches through the birth canal. She did. Gotta leeches with a friend who knew all about them and waited to release their larvae.
Made the process Mary was relieved and at the same time thanked God for getting rid of the problem, she apologized for having thrown away a life, life that should have been protected at all costs. Not before his appearance life could have been rejected according to Catholicism, because as everyone knows, we shouldn’t use condoms to prevent the occurrence of the continuity of human species. Imagine our world with no more than seven billion people, but much, much further.
Then, after more than 20 days of the process, she began to "menstruate." He didn’t know it were larvae that were beginning to grow, and to grow, they have to eat! First the larvae began to digest the fetus rejected and killed by ruthless mother. Piece by piece, the blood was being sucked out, causing the flesh was decomposing rapidly, as is our passage through the Earth, imperceptible.
Soon after, the larvae began to feed his placenta and its other attachments embryo and the uterus, preventing it from one day to become a mother. Dream she had, but it was not to become reality at that moment.
              The child's father was a priest. ver wondered if someone noticing scandal of her pregnancy? The people would want to know who the father was. And what would she say?  She found no
other alternative, but to remove the baby and saw in the leeches a way theoretically "simple" and inexpensive to do so.
The priest, so he learned of the pregnancy, fully supported the idea of aborting the girl's body. A priest. A human being. Someone would have to defend life, above all, someone who loves God above all things and believes all humans are similar, with equal rights to live. A priest. A religious. A hypocrite.
And the annelids continued their feeding process. Continued to grow and further, to reproduce. The girl began to get swollen, especially in the abdominal region. She felt much pain, analgesics are not sufficient more. She would not surrender, didn't want a doctor discovered that she tried to abort, this was a crime and she was in danger of being arrested. But she thought: Why a doctor? Some think himselves are better than any other class employment. They love to be self-appointed “doctors”, without deserving the title, as a big part of they have not undergone the difficult process which is a doctorate.
She even thought of going to a healer who lived in his neighborhood, although not believe it. She thought and thought ... She didn’t go. He continued with his suffering. ow the leeches were already sucking all of your intestines and stomach. The girl was always hungry and when she ates, she had the feeling that the food was simply disappeared, or turned away from its path to the large intestine.
She gotta drive to her country house even if feeling weak. It because she had annelids in his vein aorta, ending with their blood cells. He began to lose its reflections and take so long to process the information. She had leeches in his brain. The tiniest ones were able to migrate to this region. No blood, no blood cells. No blood cells, without oxygen transport. Without oxygen transport, without oxygen to the brain. Thus, encephalic death occurred.
 Despite the leeches were used medicinally, to make the blood flow, this time there was a reversal of roles. The girl was used as food. Finally, after finishing the stock bloodstream, dislodged the leeches to her body and went looking for another source of food, now they needed carbohydrates, lipids and other nutrients. Left to eat all kinds of animals that exist.
          And the girl? Was punished by his free-will to choose to be a mother or not. Now he was dead.


julho 22, 2012

Resenha/Digest

Em português: Estou postando uma resenha que fiz para a disciplina de Fisiologia Animal, do meu curso de Ciências Biológicas, pela qual recebi uma nota baixa; acredito que minha opinião não foi claramente compreendida, pois considerei que o artigo teve algumas partes escritas erroneamente...
Trata-se de uma resenha do artigo de Guilherme Carvalhal Ribas, intitulado "Considerações sobre a evolução filogenética do sistema nervoso, o comportamento e a emergência da consciência". Lá vai.

      A análise filogenética faz com que seja permitido o lançamento de hipóteses evolutivas. Assim, com este mecanismo surgem suposições a respeito da enorme biodiversidade que temos atualmente. As heterogeneidades morfológicas são estudadas na filogenia e, com base nelas, surgem os conceitos de derivação, onde alguns seres são considerados mais ou menos derivados, sendo inconveniente caracterizá-los como “menos ou mais evoluídos”, pois, todos os organismos passam por processos evolutivos.
     O artigo “Considerações sobre a evolução filogenética do sistema nervoso, o comportamento e a emergência da consciência” foi elaborado por Guilherme Carvalhal Ribas, doutor em Neurologia pela Universidade de São Paulo. Ele é/foi professor em diversas universidades no Brasil e em outros países, como por exemplo, na University of Cambridge, Inglaterra. Atualmente, dentre outras funções, trabalha no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e é membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
      Neste artigo de revisão Ribas teve como objetivo explanar, com base na literatura disponível, sobre aspectos da evolução filogenética do sistema nervoso dos seres vivos, caracterizando principalmente o ser humano e o desenvolvimento das suas funções cognitivas que influenciam em seu comportamento. Comentou que a dimensão e organização do sistema nervoso humano são o que os distinguem dos demais animais, e, que os sulcos e fissuras proporcionaram o desenvolvimento do córtex, responsável pelas atividades mais complexas.
      Algo interessante de salientar é a pesquisa teórica relacionada aos primatas, onde o autor relaciona os hábitos primitivos destes animais ao desenvolvimento do sistema nervoso. Segundo o autor, Australopithecus afarensis, espécie a qual pertence Lucy, o fóssil primata mais antigo já encontrado, possuíam um volume de, em média, 400 cm2, tamanho dos recém-nascidos humanos. É conveniente ressaltar que Ribas comenta também sobre o início da comunicação entre os mamíferos, fator ligado às áreas cerebrais específicas como a área de Broca e de Wernicke.
      As análises filogenéticas e a emergência da consciência são comentadas na parte final do artigo, e, o autor considera várias hipóteses propostas por pesquisadores. No entanto, embora haja aceitação destas teorias por diversos autores, ainda há muito o que ser pesquisado e confirmado a respeito do surgimento da consciência animal. Com o largo desenvolvimento da genética, acredita-se que muitas questões possam ser resolvidas.
      Apesar de ter adquirido um maior conhecimento sobre os temas, acredito que o autor deveria ter tido mais cautela ao escrever este artigo. As noções evolutivas por ele apresentadas me levaram a entender que ele utilizou uma escala linear onde as bactérias vieram a dar origem aos peixes mais primitivos. Sabe-se que a evolução das espécies está agindo há bilhões de anos, não se deve confundí-la com um experimento em que o principal objetivo foi originar uma criatura considerada o ápice da evolução, neste caso, o humano.
      Ribas comenta que “as forças evolutivas” causaram o maior desenvolvimento olfatório quando em meio terrestre. Se fosse assim, os insetos, por exemplo, teriam um grau de complexidade muito mais elevado e os Elasmobranchii não seriam tão especializados na olfação. Outro fato a ser levado em consideração é que o autor não comenta sobre ancestralidade em comum que os organismos têm, ele apenas segue uma “transecto” partindo dos seres “menos evoluídos” para os “mais evoluídos”.
      Em algumas partes o autor se estendeu muito em suas frases, onde, em praticamente um parágrafo inteiro não havia pontos finais. Além disto, ele cometeu erros ao escrever nomes científicos, iniciando o epíteto específico com letra maiúscula. E, na figura 1 ele escreveu várias vezes “cérebo” ao invés de cérebro. Finalizando, creio que este médico, por ser doutor em neurologia, deveria ter procurado se aprofundar mais no assunto evolução do sistema nervoso nos seres vivos, que é algo essencial de saber visto que ele trabalha com isto. Apesar das pesquisas à parte e confirmação de que alguns conceitos abordados por ele são em parte errôneos, obtive muito conhecimento na leitura deste artigo de revisão.

Para quem se interessar, segue o link do artigo:
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In English: I’m posting a digest I did for the discipline of Animal Physiology, of my Biological Sciences course, for which I received a low grade. I believe that my opinion wasn’t clearly understood, because I considerate that the paper had some parts erroneously written. It’s a Guilherme Carvalhal Ribas paper review, entitled “Considerations on the phylogeny of the nervous system, behavior and the emergence of consciousness”. There I go.


     Phylogenetic analysis makes that be allowed the release of evolutionary hypotheses. Thus, with this mechanism appears assumptions about the enormous biodiversity that we have today. The morphological heterogeneities are studied in phylogeny and, in its basis, appears the derivation concepts, where some beings are considered more or less derivatives, being inconvenient to characterize them as “more or less evolved”, because all the organisms go through evolution process.
     The paper “Considerations on the phylogeny of the nervous system, behavior and the emergence of consciousness”, was written by Guilherme Carvalhal Ribas, doctor of neurology by the University of São Paulo. He is/was professor at several universities in Brazil and other countries, such as the University of Cambridge, England. Currently, among others functions, he works at Albert Einstein Hospital, in São Paulo, and is a member of the Brazilian Society of Neurosurgery.
     In this review paper, Ribas had as a goal explain, based on available literature, on the aspects of the phylogenetic evolution of the nervous system of living beings, specially characterizing the human being and development of their cognitive functions that influence their behavior. He commented that the size and organization of the human nervous system are what distinguish them from others animals, and, that trhe grooves and fissures provided the development of the cortex, responsible for the more complex activities.
     Something interesting to note is the theoretical research related to primates, where the author lists the primitive habits of these animals to the developing of the nervous system. According to the author, Australopithecus afarensis, specie which Lucy belongs, the oldest primate fossil ever found, had a volume of, in average, of 400cm2, size of newborn humans. It should be emphasized that Ribas also comments on the beginning of the communication among mammals, a factor linked to specific brains areas, such as Broca`s and Wernicke`s areas.
     Phylogenetic analysis and the emergence of consciousness are discussed at the end of the paper and the author considers various hypotheses proposed by researchers. However, although there is acceptance of these theories by different authors, there is still much to be researched and confirmed about the emergence of consciousness. With the large development of genetic, it is believed that many questions can be resolved.
     Despite having acquired a better understanding of the issues, I believed that the author should have been more when wrote this paper. The evolutionary concepts that he presented led me to understand that he used a linear scale, where the bacteria gave rise to the most primitive fishes. It is know that the evolution of species is acting for billions of years, we cannot confuse it with a experiment which the main goal was to origin a creature considered the apex of evolution, in this case, the human being.
     Ribas comments that the “evolutionary forces” caused the largest olfactory development when on land. If this were true, the insects, for example, would have a degree of complexity much higher, and the Elasmobranchii would not be so specialized in olfaction. Another fact to be taken into consideration is that the author don’t comment on common ancestry that the organisms have, he just takes a “transect” starting of the “less evolved” beings for the “more evolved” ones.
     In some parts of the paper, the author has extended far into his sentences, where, in almost a entire paragraph had not endpoints. In addition, he made mistakes when writing scientific names, starting the specific epithet capitalized. And, he wrote on the 1st figure several times “cérebo” unstead of “cérebro” (brain). Finally, I believe that this doctor, by be a Ph.D in Neurology, should have looked deeper in the subject “Evolution of the nervous system in the living beings”, which is something essential to know since he works with Neurology. Despite the researches aside and confirmation that some concepts covered by him are partly wrong, I got a lot of knowledge by reading this review paper.


For you, that is interested on this review paper, follow the link to the paper:
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28n4/12.pdf

julho 13, 2012

A criança chora
Mais uma entre bilhões
Uma sociedade que apavora
Desarmonia entre nações
Da raiz corta-se o mal
Mais uma falha judicial
Ignorância paterna
Apoptose neuronal
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The child cries
More one among bilion
A society that scares
Disharmony among nations
From root is cut the evil
Another court fails
Paternal ignorance
Neuronal apoptosis

novembro 29, 2011

Flagrante (Flagrant)...



Às 14:41 de 29/11/2011 (Joaçaba, SC) flagrei esta fêmea de Aedes albopictus provavelmente
procurando um lugar adequado neste pneu para fazer sua oviposição.
Cada vez mais ela vai se adaptando ao nosso meio e possivelmente está
desenvolvendo uma considerável importância epidemiológica no continente americano.
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At 2:41pm of November, 29th, 2011 (Joaçaba, Santa Catarina, Brazil) I saw this Aedes albopictus female probably
looking for a suitable place in this tire to make its oviposition.
More and more it is adapting to our environment and possibly is developing
a considerable epidemiological importance in the Americas.


novembro 21, 2011

Reflexões...

Nietzsche:

"A vida vai ficando cada vez mais dura perto do 'topo'."
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"Os grandes intelectuais são céticos."
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"O ser refutável não é o menor dos encantos de uma teoria."
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"Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo."
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"É pelas próprias virtudes que se é bem mais castigado."

maio 29, 2010

'Aplicabilidade''

Depois de ler uma entrevista publicada na Folha de S. Paulo do Biólogo Martin Chalfie, resolvi fazer alguns comentários. Chalfie ganhou o prêmio Nobel de Química em 2008 por descobrir em conjunto com outros cientistas, uma proteína bioluminescente em águas-vivas capaz de ativar a marcação de genes específicos. Mas o que mais me chamou atenção na entrevista, foi o ponto que ele defende sobre a realização de pesquisas, algo que eu estive conversando há algum tempo atrás com meu namorado.
Assim como nós (eu e Mario) Martin pensa que não deve haver esta imposição por parte das pessoas para que as pesquisas feitas tenham que ter obrigatoriamente alguma aplicabilidade, seja ela economica, sanitária ou alguma outra.
Já esquentei muito a minha cabeça tentando encontrar algum tema para realização do TCC (trabalho de conclusão de curso) que, ao mesmo que me atraia, tenha uma aplicação para a sociedade. Eu tinha começado a ter essa opinião devido à alguns TCCs que li, à algumas exigências para realização de projetos de iniciação científica, bem como orientações de professores. Assim como falou Chalfie, as importantes descobertas ou a ''ciência pura'' estão ficando sem sentido, sem relevância. Isso realmente é lamentável.
É lamentável pensar que você pode não ser aceito pelo simples fato de propor alguma pesquisa que envolva "apenas" a aquisição de conhecimento sobre determinado assunto, afinal, falta a aplicabilidade. Faltam os interesses que satisfaçam aos seres humanos. Oras! O conhecimento obtido através da pesquisa não é relevante?
Se não é, porque nos ensinam no ensino fundamental e no ensino médio tantos itens sobre História? Eu poderia simplesmente dizer que eu não me interesso por história e que igualmente não gostaria de trabalhar com este tema, logo, para mim não haveria aplicabilidade alguma.
No entanto, não é magnífico saber como tudo começou? Como surgiu a cidade onde eu moro, quantas revoltas ocorreram para que existisse meu estado, como se deu a formação do continente onde estou, por que as bordas litorâneas da América do Sul são adjacentes às da África, etc.
Falando do conhecimento do nosso próprio corpo, não é interessante saber localizar e nomear ossos que nos compõem? O que ocorre no nosso organismo no momento em que sentimos dor ou quando sentimos necessidade de urinar?
Para que saber essas questões de Biologia ou de História (assim como outras disciplinas) se eu não vou precisar trabalhar em função delas? Este é um exemplo de indagação de muitas pessoas.
Eu admito que, quando estava em dúvida se faria Ciências Biológicas ou não, pensava que não veria mais Matemática, Física e Química na minha frente. Realmente o contrário. Tenho matérias como Matemática, Bioestatística, Física, Biofísica, Química Orgânica, Química Inorgânica e Bioquímica. Hoje em dia, as disciplinas que eu queria distância me atraem, sendo assim posso dizer que tenho a mente livre para apreciar todo e qualquer tipo de conhecimento que vai da Química à Astronomia.
O que estou querendo dizer é que conhecimento nunca é demais, nunca. Sua produção deve ser respeitada e apoiada, pois, de uma forma ou outra, este bem adquirido não se perde jamais. As coleções de fauna que foram queimadas no Instituto Butantã se perderam, talvez por negligência e falta de infra-estrutura, no entanto, o conhecimento adquirido através do estudo de alguns dos espécimes não se decompõe.
Espera-se que, neste vai e vem de cargos no governo, chegue um momento em que as pesquisas em si passem a receber mais apoio, pois só assim os pesquisadores conseguirão se focar em seus objetivos sem ter que ficarem procurando aplicabilidade para tudo, desta forma, teremos talvez, pessoas mais realizadas em seus trabalhos. Assim, serão disseminados conhecimentos considerados renováveis, pois de geração para geração ele será repassado, e se alguém perceber que algo lido não é condizente tem o poder de corrigir. Esta é a ciência, surpreendentemente dinâmica.

“Só o conhecimento nos liberta”

maio 09, 2010

O "sangue'' das plantas

Ter dificuldade em alguma disciplina não significa "não gostar". Uma maneira que encontrei para estudar é lendo, escrevendo e postando aqui, para assim compartilhar o conhecimento que adquiri.
Falarei superficialmebnte a respeito dos tecidos condutores de fluídos nos vegetais. Existem muitos termos complexos que exigem maiores explicações, deixemo-os de lado neste texto.


Assim como nós animais possuímos artérias, veias e seus derivados formando um sistema circulatório fechado, onde o sangue é o fluído circulante, as plantas são possuidoras de um sistema vascular. O desenvolvimento desta característica criou uma adaptação para a vida terrestre, pois as extremidades subterrâneas e extremidades aéreas das plantas possuem modificações diferentes.
As raízes são orgãos vegetais responsáveis principalmente pela absorção de água e sais minerais do solo. Portanto, a camada epidérmica da raíz não pode ser demasiadamente expessa, muito menos ser constituída por densas camadas de anexos epidérmicos como a cutícula. Esses fatores dificultariam o fluxo dos fluídos e ocasionariam danos no funcionamento do organismo. Adaptações foram desenvolvidas.
Existe um tecido vascular que tem sua "origem" na raíz, o Xilema. A matéria absorvida pelos tricomas(pelos) das raízes circulará por todo o corpo da planta tendo como destino específico as folhas. Estas últimas estão em constante transpiração, o que faz com que haja um mecanismo que funciona como um "sugador" da água e sais minerais que estão subindo pelo caule. Este processo facilita o movimento do Xilema, já que o mesmo se torna difícil pelo fato de estar direcionando-se para a extremidade posterior da planta.
No processo conhecido como fotossíntese, os estômatos das folha (orgão produtor) realizam trocas gasosas que têm como subprodutos substâncias orgânicas. Estas substâncias "alimentarão" todos os orgãos (consumidores) e se movimentarão na direção destes através do tecido conhecido como Floema.
Resumindo: Xilema é responsável pelo transporte de água e sais minerais que partem das raízes; Floema tranporta matéria orgânica oriunda da fotossíntese realizada nas folhas.

Mas e como ocorrem os tranportes entre as células destes tecidos (floemático e xilemático)?
Os Sistemas Xilemático e Floemático são caracterizados por possuirem células especializadas que contêm microscópicas perfurações para o transporte intercelular.
As Traqueídes e os Elementos do vaso são células próprias do Xilema. Já o Floema é possuidor de Elementos de tubo crivado e Células companheiras.


Este foi um pequeno resumo sobre o Sistema Vascular, que, como seria dito antigamente, é carreador de seiva bruta (xilema) e seiva elaborada (floema).

Tecidos condutores no caule. XP: Xilema Primário; MX: Metaxilema; PX: Protoxilema; FS: Floema Secundário

março 02, 2010

Concorra a uma camiseta retrô do Grêmio!

Basta reconhecer os jogadores tricolores e responder e argumentar criativamente a pergunta: ''O que faz do Grêmio um time imortal?''
Segue o link da promoção:
http://colunas.globoesporte.com/memoriaec/2010/02/25/memopops-gremio-descubra-quem-sao-os-jogadores-e-concorra-a-camisas-retro/


Agora o meu ponto de vista com relação ao imortal tricolor:

''A imortalidade tricolor é proveniente de sua magnífica torcida, que acaba por tornar o Grêmio um clube eternamente imbatível e inigualável. Este último adjetivo pois, de nada adiantaria apenas colecionar ''honras'' se as mesmas não fossem conquistadas com garra. É emocionante fazer parte de uma agremiação que é lembrada pelos seus feitos heróicos, não simplesmente pelos títulos. A metáfora ''imortal'', é lição de vida, faz com que os verdadeiros gremistas sejam diferenciados por sentirem orgulho só de pensarem na possibilidade de contar os feitos para as gerações futuras. O sentimento eterniza-se, alastra-se. Além de simplesmente uma vida."



Nós, fiéis torcedores tricolores, sabemos que apesar de nosso sangue não ser azul, as veias o são. E tal como um suporte, o que seria deste sangue avermelhado sem seus canais por onde navegar? Grêmio pioneiro no Rio Grande, inter!
O sentimento pode diminuir com o amadurecimento, as novas prioridades e objetivos, mas acabar nunca. Mais ou menos como está escrito no trapo da geral: ''Jamais nos matarão.'' Jamais matarão a esperança, a raça. Por mais que fiquemos algum tempo ''apagados", algo sempre está por vir. Tal qual uma estrela distante o Grêmio pode estar, porém, subitamente pode igualmente explodir como uma super-nova e novamente voltar aos bons e velhos tempos. Os anos em que as cores das chuteiras não eram tão importante como neste atual mundo futebolístico.











Grêmio Campeão do Primeiro Turno (28/02) - Gauchão 2010


fevereiro 18, 2010

MAL

...conhecemos a explosão de diversidade de nossos oceanos e ambicionamos conhecer galáxias-irmãs da Via Láctea à procura de vida... Humanos. Como escreveria Nietzsche, demasiado humanos.

dezembro 20, 2009

Para Mário

Escrevo estes versos para um homem indescritível,
aquele que me ergue no momento mais terrível;
Aquele com o qual converso sobre nada e sobre tudo;
Aquele que guardado está no meu coração, em um
recanto demasiado profundo.
Inicialmente eu não apreciava a evolução do nosso enlaçe;
Lágrimas o fiz derramar, seu coração eu pus a desabar...
Felizmente, por pouco tempo foi;
Tempo tal, que nem para todos é igual;
Creio que para ele o tempo durou uma eternidade
que o fez sofrer sem piedade ter.
No meu próprio tempo, percebi a falta que ele me faz,
a dor que em mim ele desfaz;
Definitivamente é o homem no qual encontro minha paz!
Muito além das proporçõs do tempo e do espaço em que vivemos;
Muito além da imensidão cósmica;
Muito além da minha própria felicidade.
Meu amor por ele a nada pode se equiparar, pois
cujo está em uma escala além da vida e da morte.
E não é como a porcelana, muito menos como o vidro,
porém pode provocar um corte.
Pode até ser como o aço - que muito é exaltado pelo
ManOwar - que como nosso amor, é fortíssimo, muito forte.

dezembro 11, 2009

Veneração ao Sol



Se algum dia for obrigatoriedade minha e de todos, idolatrar algo composto por moléculas, o meu escolhido será o SOL... Sem ele, nenhum produtor seria capaz de realizar fotossíntese, transformando moléculas de H²O e CO² em glicose, a partir de processos metabólicos com a força das moléculas de ATP... Com esses processos, o oxigênio é libertado para o nosso cada vez mais impuro AR, nos possibilitando o ato de respirar. A glicose vai constituir parte da biomassa do produtor. Essa última por sua vez, servirá de alimento para o consumidor primário, que pode ser um pequeníssimo peixe... Ele será comido por um médio peixe, que provavelmente será alimento de algumas aves; algumas delas serão certamente capturadas por uma espécie considerada por muitos desentendidos, o ápice da evolução: Homo sapiens. Pronto. Estragou a minha perfeita percepção do sol. Essa espécie age como controladora de toda a matéria que se localiza ao seu redor, tampouco compreende ela, que é uma caloura em termos de vida no planeta.
Não! Ela acha que não é. Ela sabe pensar. Ela é um ser racional. Está acima de qualquer outro composto orgânico presente no mundo vivo. Sim! Homo Sapiens é um composto orgânico. Um simples composto orgânico.
Esse composto orgânico em tempos primordiais receava ser atacado por selvagens animais, pois conviviam equilateralmente. Então, resolveu criar coisas absurdas para amenizar o medo, como por exemplo, um deus ou vários deuses (Sim, deus com letra minúscula. Creio que não seja nome próprio, nem de importância cabível, logo, deve ser iniciado com letra minúscula). Entretanto, o Homo Sapiens não tinha ideia do impacto que sua atitude causaria nas subsequentes sociedades.
Com a sucessão da vida e as conseqüências do darwinismo social - onde o mais forte ou mais corrupto leva vantagens sobre o mais fraco ou menos apto para enfrentar o mal - pessoas com o poder de persuadir as outras, viram que aqueles deuses eram bons pretextos. Ótimos pretextos para conseguirem alcançar seus objetivos. Os tementes seguidores aceitavam tudo, sem reclamar. Enfim, a religião mudou o rumo da vida no planeta. Hoje em dia, como muitos falam, a igreja é a mais próspera empresa. Bilhões de pessoas pedem “favores a um ser invisível”. Pior ainda. Esses mesmos indivíduos imaginam que esse ser invisível é capaz de ouvi-las. Sim. Ouvir e ajudar bilhões de pessoas. Tudo ao mesmo tempo! Nossa... Realmente seria bom isso.
Seria bom algo assim existir para construir a maior empresa da face da terra, dando assim, empregos para todas as pessoas. Isso resolveria grande parte dos problemas. Com o emprego, as pessoas poderiam se alimentar e educar seus filhos. Educação. A base da estrutura de toda uma vida. Sem ela, as pessoas estão fadadas a simplesmente viver suas vidas mal e porcamente, sem preocupação em ser parte da história de um povo.
Voltando a personificação do sol, pensando bem, o homem, como um todo, não estraga a minha concepção. Afinal, bem ou mal, ele faz parte do ciclo da vida. Assim como as moléculas de uma aranha se decompõem e servem de composição a outros seres, igualmente, o mesmo processo ocorre com o ser humano. Ele vai servir de alimento para outros organismos, que certamente deixarão fragmentos não aproveitáveis no solo. Tais partículas serão decompostas pelos seres que, teoricamente fecham a teia alimentar, e então, as plantas usarão os nutrientes que se acumularam no solo para seu crescimento. E assim segue o percurso suntuoso da vida. Agora, fica uma pergunta: O que é mais importante, um deus ou o sol? Cada pessoa tem sua própria visão de resposta correta, é um direito de cada um. Mas o ser que pensa racionalmente, escolheria o sol por questão de imprestabilidade.
Por mais pessimista que possa ser, eu imagino um mundo onde a razão prevaleça sobre as religiões que de nada acrescentam de útil na vida do ser humano. Como falou Richard Dawkins: “Se apagarmos da história, os feitos da ciência e da teologia, qual exclusão teria mais impacto?”.
A humanidade sofre de carência de pensamento. Talvez seja porque o ato de pensar nas coisas gere dúvidas. Dúvidas não são boas para a Empresa Religião. O dia em que todos voltarem para o mundo real, como se fosse uma regressão aos tempos primordiais de não fé, creio que muitos problemas simplesmente desaparecerão. E o sol. O sol “alegremente” receberá seu devido reconhecimento pelos feitos jamais substituíveis.